quarta-feira, 29 de junho de 2016

\o/ Memórias de um Cinéfilo nº 01



NÃO ASSISTI AO FILME, MAS GANHEI UM AMIGO

Hoje vou contar como foi uma das sessões de cinema mais complicadas da minha vida! Tudo aconteceu no dia 05 de maio de 2007 durante a exibição do longa-metragem Homem-Aranha 3. Na época os fãs estavam muito empolgados, porque o filme anterior tinha sido espetacular. Nessa nova aventura, dirigida pelo competente Sam Raimi, meu herói preferido enfrentaria os vilões Venon (Topher Grace), Homem-Areia (Thomas Haden Church) e o Novo Duende Verde (James Franco). Eu estava tão empolgado naquela noite de sábado, que cheguei 2 horas antes do início da sessão. Comprei o meu ingresso e fui o primeiro da fila da sessão das 22 horas. Aos poucos as pessoas foram chegando e meia hora antes do início do filme, todos os ingressos já tinham sido vendidos. Quando a catraca foi liberada, fui o primeiro a entrar na sala e consegui sentar na minha poltrona favorita. Naquela época não existiam os ingressos numerados no cinema e para sentar nos melhores lugares era preciso chegar cedo.




A sala de cinema estava completamente lotada e as pessoas estavam ansiosas. Quando as luzes se apagaram, o público enlouqueceu. Jamais esquecerei da minha emoção ao assistir a abertura sombria de Homem-Aranha 3, que mostrava os principais acontecimentos dos dois filmes anteriores, ao som do tema do Homem-Aranha composto por Christopher Young. Já na primeira cena do longa-metragem, o meu herói favorito, apareceu lançando suas teias e voando entre os prédios. O público se empolgava com as incríveis sequências e com o carisma do Homem-Aranha. Porém aos 15 minutos, quando Peter Parker (Tobey Maguire) conversava com sua tia May (Rosemary Harris), a exibição do filme foi interrompida. As pessoas gritavam reclamando e as luzes do cinema foram acesas. Uma funcionária apareceu para pedir desculpas e informou que o filme voltaria a ser exibido em poucos minutos. Após 15 minutos de espera, a janela da sala de projeção foi aberta e uma funcionária avisou que o filme recomeçaria. 




As luzes foram apagadas e a exibição recomeçou, porém algo estava errado! A primeira cena que apareceu foi o Harry Osborn (James Franco) numa cama de hospital. A última cena exibida antes da interrupção foi aquela em que Peter Parker conversava com sua tia May. Houve um salto na história e ninguém entendeu nada. A plateia começou a reclamar! Logo o filme foi interrompido, as luzes foram acesas e o gerente apareceu no corredor central da sala para pedir desculpas. Ele educadamente pediu paciência para as pessoas e disse que a situação seria resolvida. Após 20 minutos, o projecionista abriu a janela e disse: “Me desculpem, eu estava com problemas com os rolos do filme e adiantei o filme, mas agora eu consegui voltar para os 15 minutos.” Finalmente a sessão de cinema foi reiniciada, naquele momento em que Peter Parker estava conversando com sua tia May. Com a situação normalizada, o filme seguiu, mas inacreditavelmente a exibição foi interrompida pela terceira vez aos 50 minutos. Justamente quando o Homem-Aranha estava iniciando o seu primeiro confronto com o Homem-Areia!




A gritaria no cinema foi ensurdecedora! As luzes foram acesas e o gerente apareceu novamente. Mais uma vez pediu paciência para as pessoas e disse que uma funcionária já tinha subido na sala de projeção. Para a minha surpresa, 10 minutos depois, o projecionista abriu a janela e disse: “O projetor está com problema nos rolos dos filmes e a sessão está encerrada!” O público gritou e reclamou muito! Imediatamente o gerente disse que devolveria o dinheiro dos ingressos para todas as pessoas, mas alguém na multidão exclamou: “Vamos quebrar esse cinema!” O gerente ficou muito tenso e pediu calma. Algumas pessoas subiram gritando nas poltronas do cinema. Foi quando eu levantei e comecei a organizar a fila para recebimento do dinheiro no corredor central. Após 30 minutos, todos tinham recebido seu dinheiro de volta e um pedido de desculpas do gerente. Já passava da meia noite e fui o último cliente a deixar a sala de cinema. Quando fui passar pela roleta, o gerente me chamou. Ele me presenteou com 2 ingressos de cortesia e disse: “Muito obrigado pela ajuda meu novo amigo!”




Adivinhe quem era o primeiro da fila na sessão das 22 horas do Homem-Aranha 3 no sábado seguinte? Novamente fui o primeiro a entrar na sala de cinema e consegui sentar na minha poltrona favorita. Assisti aos 139 minutos do longa-metragem sem interrupções e gostei muito da história! A última aventura da trilogia do Homem-Aranha no cinema foi repleta de cenas de luta e muita ação. Fui embora para casa feliz por ter reencontrado meu herói favorito na telona, na certeza de que completaria minha trilogia do Homem-Aranha em DVD no final daquele ano!


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sexta-feira, 17 de junho de 2016

A Partilha (2001)



A peça teatral “A Partilha” foi escrita por Miguel Falabella em 1991. Ficou em cartaz por 6 anos, com as atrizes Natália do Vale (Selma), Suzana Vieira (Regina), Thereza Piffer (Laura) e Arlete Salles (Lúcia). O sucesso da peça foi tão grande que em 2000, o autor escreveu “A Vida Passa”, a continuação da história. Apesar de tratar de uma tema sério como a partilha de bens e seus conflitos, tanto a peça teatral como o longa-metragem tem o humor irônico como ponto forte. No making of do filme, o autor Miguel Falabella disse que teve a ideia de escrever a história, depois de presenciar uma discussão horrível entre 2 irmãs, quando foi comprar um antigo apartamento na década de 80. 




O longa-metragem começa com o falecimento de uma senhora idosa em seu amplo apartamento no Rio de Janeiro. Ao seu lado estava Bá Toinha (Chica Xavier), a fiel empregada de muitos anos, que cuidou das 4 filhas da patroa. Com a morte da mãe, as filhas teriam que se encontrar para decidir como seria feita a partilha de bens. Selma (Glória Pires) era a pragmática e conservadora. Casada com o militar Luiz Fernando (Herson Capri) e mãe da jovem Simone (Fernanda Rodrigues), também conhecida como Shanadaporanga. Regina (Andréia Beltrão) era espiritualista, hippie, psicóloga, separada e mãe de 2 filhos ausentes. Laura (Paloma Duarte) era a caçula intelectual, discreta e rebelde. Era a namorada de Célia (Guta Stresser) e sonhava em fazer um mestrado na Alemanha. Lúcia era futil e engraçada. Casada com Jean-Claude, foi embora para paris por amor e deixou seu filho Maurício (Thiago Fragoso) com seu ex-marido Carlos (Dennis Carvalho). Após o velório e o enterro, as 4 irmãs reencontraram-se no apartamento da mãe para conversar sobre a venda e a partilha dos bens. 




Selma já tinha escolhido o corretor Bruno Diegues (Marcelo Antony) e estipulou o valor de venda do apartamento em R$ 400.000 reais. Catalogou todos os objetos numa enorme lista e queria dividir os objetos imediatamente. As irmãs reclamaram porque não foram consultadas! Regina sentia a energia do apartamento e ficou emocionada ao reencontrar o seu mural de fotos e o jogo de chá de brinquedo em seu antigo quarto. Na sala, as irmãs começaram a conversar sobre a vida! Selma reclamou do casamento rotineiro com um militar, Lúcia confessou que fugiu do Brasil porque apanhava do marido bêbado, Regina reclamou da solidão e disse que preferia o sexo casual. Laura assumiu que era homossexual e que sempre precisou das irmãs mais velhas e que sentia muita raiva da ausência delas. O reencontro das 4 irmãs abria velhas feridas, que nunca foram cicatrizadas e nesse processo de desapego do passado, antigos fantasmas do passado voltaram para assombrar suas vidas. 




A terapia de grupo forçada, deixava as irmãs com os sentimentos a flor da pele. Numa das cenas mais tensas do filme, elas estavam dentro de um elevador e Regina confessou para Selma que tinha transado com o marido dela na juventude. Imagine 4 irmãs trocando insultos e tapas dentro de um elevador! Nessa montanha russa emocional, Selma contou para as irmãs que sua filha Simone está grávida aos 15 anos de idade. Laura disse que era apaixonada por Célia, mas que sofria porque iria para a Europa sozinha. Regina contou orgulhosa que fez lipoaspiração e que colocou silicone nos seios. Esse momento de reencontro fez as irmãs se reencontrarem e elas tiveram que aceitar que a vida estava muito diferente de seus sonhos juvenis! Mas qual seria o problema? Foi quando o corretor Bruno avisou que um cantor de pagode se apaixonou pelo apartamento e que pagaria R$ 350.000 à vista pelo apartamento. Regina, Lúcia e Laura comemoraram. Selma teve medo e disse que estava em dúvida.


Mais calmas elas foram almoçar num restaurante a beira mar. As críticas deram lugar a alegria e elas se libertaram dos fantasmas do passado. Depois do almoço, elas saíram para caminhar e foram surpreendidas pela passagem de um dirigível, que sobrevoava a praia e que tocava a música Dancing Days das Frenéticas. Numa das cenas mais lindas do cinema brasileiro, elas dançaram para comemorar o início de uma nova vida! No dia seguinte, lindas, leves e soltas se encontraram no apartamento para assinar o contrato de venda do apartamento. Quando o corretor chegou com o comprador chamado Tonelada (Lui Mendes), seu empresário (Cassiano Ricardo) e o tabelião (Bernardo Jablonski), Selma desistiu da venda e se trancou no quarto com a chave da porta principal. Laura saiu pela janela e andou pela fachada do prédio para pegar a chave da mão de Selma, que jogou o objeto lá embaixo. Naquele momento, Luiz Fernando chegou nervoso no hall do apartamento e prometeu arrombar a porta. 




Na confusão do lado de fora do apartamento, ainda chegaram Maurício e Célia. No momento em que o militar se preparava para arrombar a porta, a Bá Toinha encontrou a chave reserva e abriu a porta! Todos invadiram o apartamento e o impasse foi criado. O comprador Tonelada chegou para assinar o contrato de compra do apartamento, Selma desistiu da venda enquanto suas 3 irmãs desejavam fechar o negócio. Com um desfecho interessante e profundo, o longa-metragem dirigido por Daniel Filho nos mostra que a vida é composta por ciclos, mesmo que algumas pessoas não aceitem e fiquem presas aos momentos do passado. Na verdade a questão era muito maior do que a venda do apartamento, porque tratava-se do fim de um ciclo da vida, onde as lembranças de um passado querido deveriam ser deixadas para trás. O grande problema é que enquanto algumas pessoas querem olhar para a frente, outras só querem olhar para trás... 


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domingo, 12 de junho de 2016

O Casamento do Meu Melhor Amigo / My Best Friend's Wedding (1997)



A história do longa-metragem O Casamento do Meu Melhor Amigo / My Best Friend's Wedding (1997) foi tão bem construída, que as pessoas no cinema torciam inicialmente pela vilã, que estava disposta a fazer qualquer coisa para destruir aquele casamento. Já o mocinho se mostrava muito inseguro, porque ao mesmo tempo em que se preparava para a cerimônia, dizia para a sua ex-namorada que sentia falta dela em sua vida. Essa comédia romântica dirigida por J. P. Hogan foi marcante para a história do cinema, porque mostrou que a vilã também tem sentimentos e pode arruinar os sonhos da mocinha em nome de um grande amor. A história do filme nos mostra que um grande amor não pode ser desprezado, porque se houver uma perda, a reconquista é muito complicada. Curiosamente as pessoas foram mudando de opinião em relação a vilã e a mocinha com o desenvolvimento da história e no momento do desfecho do filme as opiniões estavam muito divididas no cinema.




Michael O'Neal (Dermot Mulroney) era um jornalista esportivo, que acompanhava a Liga de Beisebol dos Estados Unidos, viajando para assistir aos principais jogos. Julianne Potter (Julia Roberts) era uma crítica gastronômica, muito exigente e perfeccionista. Tiveram uma grande amizade e namoraram sem compromisso várias vezes por 9 anos. Como a vida amorosa dos dois era um fracasso, fizeram um pacto: “Se até os 28 anos eles estivessem solteiros, se casariam como o último recurso contra a solidão!” Próximo de seu 28º aniversário, Julianne contou para seu amigo George Downes (Rupert Everett), que Michael deixou vários recados na caixa postal de seu celular nos últimos dias. Ela estava certa de que ele a lembraria do pacto matrimonial. Naquela noite ela ligou para o amigo Michael, que estava aflito para contar que se casaria com uma jovem em 5 dias. O susto de Julianne foi tão grande, que ela caiu no chão!





Muito inconformada, ela ligou para o amigo George, para informá-lo que estava viajando para Chicago imediatamente. Enciumada, ela estava disposta a acabar com o casamento do amigo, porque agora ela tinha descoberto que Michael era o homem de sua vida. No aeroporto Julianne conheceu a noiva Kimberly Wallace (Cameron Diaz), que era linda, meiga e jovem. Para piorar a situação, Kimberly disse para Julianne que agora elas seriam como irmãs! Insensível e disposta a estragar o sonho da noiva, ela iniciou seus planos para arruinar o relacionamento do casal. Na noite do karaokê, Julianne anunciou que Kimberly cantaria para todos, mesmo percebendo que a moça era tímida demais. No dia seguinte, Julianne orientou a noiva a forçar Michael a pedir demissão do emprego como jornalista esportivo, para trabalhar como relações públicas na empresa do sogro em Chicago. Para tristeza de Julianne, depois das discussões, o casal se mantinha ainda mais unido e apaixonado.




Correndo contra o tempo, a desesperada Julianne pediu que o amigo George fosse para Chicago. Chegando lá e vendo os preparativos do matrimônio, o amigo foi sensato e disse que a única solução seria Julianne se declarar para o noivo. Quando ela tentou se declarar, Michael pediu que ela guardasse a aliança de casamento de Kimberly. A frustração dela foi tão grande, que apresentou George para todos como o seu noivo. O único detalhe é que George era gay e ficou perplexo com a atitude descontrolada amiga. Essa informação deixou o inseguro Michael com ciúmes de Julianne e ele fica em dúvida em relação ao casamento com Kimberly. Faltando 2 dias para o casamento, George foi embora e disse para a amiga cumprir a sua missão como Dama de Honra na cerimônia e desaparecer! Para complicar ainda mais a situação, o indeciso Michael, cantou The Way You Look Tonight para Julianne e disse que aquela música representava os 9 anos de amizade e namoro deles.


TRILHA SONORA - What the World Nedds Now is Love - Jackie Deshannon 


No sábado, véspera do casamento, o golpe final de Julianne deu certo. Michael e Kimberly brigaram e ele ficou inseguro em relação ao casamento. Mesmo feliz, o sentimento de culpa de Julianne era enorme. Ela sentou-se no corredor do hotel e foi consolada pelo carismático funcionário Richard (Paul Giamatti), que lembrou que a sua avó sempre dizia: “Não se preocupe, tudo irá passar!” No domingo, dia do casamento, Julianne se declarou para Michael e o beijou com vontade. Só não imaginava que a noiva Kimberly estivesse vendo aquela cena lamentável. Sentindo-se traída, a noiva fugiu de carro e Michael foi atrás dela. Para piorar, Julianne foi atrás do casal. Será que ainda haverá casamento? E quem será a noiva? O desfecho desse triângulo amoroso é surpreendente! Façam as suas apostas! 


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