O cinema
brasileiro é injustamente associado aos filmes de comédia, repletos
de situações clichês e palavrões. Felizmente também são
produzidos longas-metragens que deixam mensagens importantes e nos
fazem pensar sobre os mais variados assuntos. Confesso que fiquei
muito emocionado quando assisti ao drama O Palhaço no cinema porque
a mensagem principal é maravilhosa! Afinal de contas, quem nunca se
questionou sobre qual é a sua missão nesse mundo ou qual é o lugar
certo para viver e trabalhar? O filme é repleto de simbolismos,
escolhidos detalhadamente pelo diretor Selton Mello, que obriga as
pessoas a pensar. É muito interessante o fato do protagonista ser um
alegre palhaço que esconde um cidadão triste.
Quando as
cortinas do Circo Esperança se abriam, Benjamin (Selton Mello) dava
vida ao palhaço Pangaré e dividia o picadeiro com seu pai Valdemar
(Paulo José), que era o palhaço Puro Sangue. A sinergia da dupla em
cena era impressionante e aquelas cenas me deixaram com vontade de
assistir a um espetáculo circense. O mágico Tony Lo Bianco (Cadu
Fávero), o acrobata Robson Félix (Erom Cordeiro), o homem mais
forte do mundo Gordini (Thogun), a cuspidora de fogo Lola (Giselle
Mota) e a dupla de músicos João Lorota (Álamo Facó) e Chico
Lorota (Hossen Minussi) também são destaques do espetáculo. É
importante ressaltar que o glamour do artista de circense fica no
picadeiro, porque a vida cotidiana é composta por uma rotina dura e repetitiva.
Talvez
isso explique porque Benjamin, mesmo sendo o filho do dono do circo,
tivesse a vontade de deixar a vida circense para procurar outros
desafios. Ele refletia esse desejo de mudança através da fascinação
por ventiladores, que simbolizavam novos ventos para ele, repletos de
frescor. Assim surgiu uma das cenas mais emocionantes do
longa-metragem, quando a caravana do circo deixava mais uma cidade e
Benjamim apareceu estático no meio da estrada de terra. Ele desejava
encontrar ânimo em novos caminhos, porém a dor da trupe era
simbolizada pelo choro desesperado da menina Guilhermina (Larissa
Manoela). Foi incômodo para mim, reconhecer que aquele alegre
palhaço do Circo Esperança, pudesse esconder um cidadão cansado e
sem graça.
Na minha
opinião, o maior mérito do longa-metragem foi destacar o dilema
entre vocação e felicidade. Mesmo sendo um palhaço engraçado no
circo, Benjamin buscou uma nova vida na cidade, assumindo a
possibilidade de ser um homem infeliz por pura falta de vocação.
Uma frase do personagem Juca Bigode (Jackson Antunes) me chamou a
atenção: “Cada um deve fazer aquilo que sabe fazer”. Suponho
que as pessoas façam bem, aquilo que gostem de fazer. Com um elenco
afinado, repleto das participações mais do que especiais de Moacyr
Franco, Ferrugem e Tonico Pereira, considero o filme O Palhaço como
uma obra-prima do cinema brasileiro, que desafiará você a pensar
sobre suas próprias escolhas.
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