Vale a pena lutar por um sonho? O longa-metragem A Travessia / The Walk (2015) responde muito bem essa pergunta, deixando claro que persistência, inteligência e até mesmo a sorte, são fundamentais para a realização de um sonho. O diretor Robert Zemeckis trouxe para as telonas a história do francês Philippe Petit, que em 1974 tentou atravessar num cabo de aço, o vão de 43 metros entre as torres do World Trade Center em Nova Iorque. Talvez o sonho tenha virado pesadelo para o francês de 24 anos, quando descobriu que a Torre Norte (WTC 1) tinha 417 metros de altura e a Torre Sul (WTC 2) tinha 415 metros, sendo na época, os maiores prédios do mundo. Além disso, o acesso ao 110º andar das torres era rigorosamente controlado por seguranças e montar os equipamentos para a travessia parecia ser impossível. Assisti ao filme no cinema e a belíssima trilha sonora do maestro Alan Silvestri, associada as imagens vertiginosas, tornaram a minha experiência inesquecível.
O narrador da história era o próprio Philippe Petit (Joseph Gordon-Levitt), posicionado na Estátua da Liberdade, talvez numa licença poética. Aos 4 anos de idade, ele se apaixonou pela "Arte do Circo", especialmente pelas apresentações de equilibrismo e mágica! Na infância treinava exaustivamente pequenos truques de mágica com moedas e cartas. Porém para aprender a equilibrar-se no cabo de aço, teve aulas com o mestre circense Papa Rudy (Ben Kingsley). Aos 16 anos decidiu ser um artista e foi expulso de casa pelo seu pai, que afirmava que aquela vida não dava futuro para ninguém. Seguiu seu rumo sozinho na vida, porque como diziam os franceses: “ As cenouras estavam cozidas!” Petit criou um personagem mudo, que se apresentava dentro de um círculo desenhado no chão. Usava roupa preta e cartola, fazia performances de mágicas misturadas com malabarismos no cabo de aço. Petit fazia suas apresentações nas praças de Paris e ganhava algum dinheiro para sobreviver.
Numa bela tarde Petit se encantou por Annie Allix (Charlotte Le Bon), uma cantora de voz suave que também se apresentava pelas ruas de Paris. A cena em que o casal se conhece é sublime e poética! Petit e Annie logo começaram a namorar, mas continuaram suas apresentações ao ar livre. Porém o destino de Petit começou a mudar numa manhã de 1968, quando ele quebrou um dente ao morder uma bolinha, durante um número de mágica. Correu para o dentista, mas seria o último a ser atendido. Exercitando sua paciência na sala de espera, começou a ler uma revista e ficou impressionado quando viu uma foto enorme do World Trade Center nos Estados Unidos. Naquele momento, Petit sentiu um desejo incontrolável de atravessar o vão entre as duas torres, como uma missão de vida! Seu primeiro cúmplice foi um fotógrafo chamado Jean-Louis (Clément Sibony). Juntos prepararam o maior desafio de Philippe Petit em território francês, que foi atravessar num cabo de aço, as duas torres da Catedral de Notre Dame, que tinham 96 metros de altura.
Em 1973, Philippe Petit seguiu para os Estados Unidos ao lado da namorada Annie, para se preparar para o maior sonho de sua vida. Quando ele visitou o World Trade Center pela primeira vez, ficou impressionado com a altura das torres e pensou em desistir. Porém o apoio de Annie foi fundamental e o plano foi elaborado nos mínimos detalhes, incluindo uma maquete perfeita. No início de 1974 Petit reencontrou o amigo fotógrafo Jean-Louis, que trouxe o matemático Jeff (César Domboy) para ajudar com os cálculos do desafio. Aos poucos o número de cúmplices para a missão quase impossível foi aumentando. Jean-Pierre (James Badge Dale) era o simpático, Barry Greenhouse (Steve Valentine) era o dono de uma sala comercial no WTC 1, Albert (Ben Schwartz) e Jean (Benedict Samuel) vieram para ajudar a transportar o material de Petit. O dia 06 de agosto de 1974 foi o escolhido pelo francês para atravessar as torres do WTC e seu sonho deveria ser realizado a partir das 7 horas da manhã, antes da chegada dos trabalhadores.
Infelizmente algo inesperado aconteceu três semanas antes do desafio. Petit andava pelo WTC 2 (Torre Sul) e pisou com o pé direito num enorme prego. Petit ficou desesperado, porque um furo no pé de um malabarista era algo gravíssimo, que poderia atrapalhar a sua concentração e colocar a sua vida em risco. No dia anterior ao desafio, Petit e seus cúmplices só conseguiram subir ao 110º andar no final da tarde. Ficaram escondidos até a noite e então começaram a montar o material. Jean-Pierre, o fotógrafo, foi muito criativo ao lançar o cabo entre as torres! Os problemas foram surgindo e nos primeiros raios de sol nada estava pronto. Quando o cabo estava esticado, Petit chegou a beira da gigantesca torre e ficou pensativo. O que se seguiu a partir daí foram cenas tensas, sublimes e emocionantes, de um homem que tentava realizar seu sonho! Um espetáculo que o cinema foi capaz de reproduzir em seus mínimos detalhes, contando a história de um sonhador que virou lenda.
Minha Vida no Cinema
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