sexta-feira, 29 de abril de 2016

Senna / Senna (2010)



Na minha opinião, Ayrton Senna foi o melhor piloto da história da Fórmula 1. Disciplinado, perfeccionista e competitivo, ele colecionou amigos e inimigos durante os 10 anos de carreira no automobilismo de 1984 a 1994. Com seu inegável carisma, Senna popularizou a Fórmula 1 no Brasil e em pouco tempo as pessoas passaram a torcer pelo jovem arrojado de capacete amarelo, que aparecia na televisão nas manhãs de domingo. Torci pelo Senna desde a sua primeira corrida e adorava quando toda a família discutia sobre a performance do piloto nas pistas. O povo brasileiro tinha uma estima muito baixa naquela época, porque a imagem do país no exterior era péssima. Porém o Ayrton Senna mostrou para o mundo o orgulho de ser brasileiro! Assim tornou-se um orgulho nacional, um membro de nossas famílias e ainda foi homenageado com o “S” do Senna no autódromo de Interlagos em São Paulo (foto). Naquela época a Fórmula 1 era tão popular quanto o futebol e quando o Senna vencia uma corrida, tocava o inesquecível Tema da Vitória na transmissão da TV brasileira. 




A Fórmula 1 ficou tão esquecida no Brasil nos anos 2000, que o documentário Senna / Senna (2010), do diretor Asif Kapadia, passou discretamente pelos cinemas. Eu assisti ao longa-metragem numa sessão única de cinema, que ficou em cartaz por apenas 2 semanas. Foi uma viagem no tempo que me deixou muito emocionado. Fiquei revoltado quando relembrei que a política influenciou o resultado em Mônaco 1984, interrompendo a corrida com chuva, quando a limitada Toleman de Senna estava em 2º lugar. Jamais um novato poderia vencer em Mônaco, deixando para trás nomes como Niki Lauda e Alain Prost. Porém foi muito bom rever a 1º vitória de Senna na categoria, no circuito de Estoril em Portugal, em 21 de abril de 1985. Após a vitória na chuva, aquele jovem arrojado e carismático, soltou o cinto de segurança e ergueu os braços para comemorar, enquanto gritava de emoção. Naquele dia, seu nome mudou para sempre e ele passou a ser chamado de Ayrton Senna do Brasil. 




 Foi intenso rever a fase dourada de Senna na Fórmula 1, que começou na equipe McLaren em 1988, ao lado do piloto francês Alain Prost. No GP do Japão de 1988, Senna precisava vencer para conquistar o seu primeiro título. Era o pole position e na largada seu carro falhou. No final da primeira volta Senna era o 14º colocado, mas com todo o seu talento, chegou em 1º lugar e conquistou o seu primeiro título mundial. Senna e Prost disputaram novamente o campeonato mundial em 1989 e no GP do Japão, o francês bateu no brasileiro. A confusão foi grande, Senna foi desclassificado e Prost foi tricampeão. Em 1990, Senna continuava na McLaren e Prost estava na Ferrari. No GP do Japão a disputa estava entre Senna e Prost. O brasileiro conquistou a pole position e a direção de prova inverteu as posições de largada. Senna largou no lado sujo e Prost no lado limpo. Na largada Prost saiu na frente e na primeira curva fechou Senna, que não freou e na batida os dois saíram da pista. Outra confusão, mas Senna conquistava seu bicampeonato em 1990. 




O último ano da fase dourada de Senna foi 1991. Ele venceu o GP Brasil em 21 de março de 1991, com o câmbio manual travado na 6º marcha. Foi impressionante rever a sua exaustão muscular e sua dificuldade para erguer o troféu de 1º colocado no podium. Que susto foi a capotada da sua McLaren na curva Peraltada no GP do México em junho daquele ano. Seu adversário na disputa pelo título no GP do Japão era Nigel Mansell, mas a Williams do inglês derrapou na curva durante a perseguição a McLaren de Senna. O brasileiro do capacete amarelo conquistou o seu tricampeonato em 1991. Em 1992 a Williams criou a suspensão eletrônica e Mansell foi campeão. Já em 1993, o francês Alain Prost foi imbatível com sua Williams, conquistou seu tetracampeonato e se aposentou. O desanimado Ayrton Senna assinou contrato com a Williams para a temporada de 1994, mas se despediu da McLaren vencendo o GP da Austrália, com direito a homenagem da cantora Tina Turner. 


 

Fiquei com o coração partido ao rever a chegada de Ayrton Senna na Williams em 1994. A FIA tinha proibido os sistemas eletrônicos e a equipe teve que projetar um novo carro. No GP do Brasil Senna rodou sozinho na pista e abandonou e foi jogado para fora da pista na largada do GP do Pacífico. No GP de Ímola, o jovem Michael Schumacher e sua Benetton já preocupavam Senna. Nos treinos o brasileiro Rubens Barrichello sofreu um acidente sério e o austríaco Roland Ratzzenberger morreu na pista. Senna estava pressionado e o Doutor Sid Watkins (médico da Fórmula 1), disse para Senna se aposentar para pescarem juntos! Senna respondeu: “Sid, eu não posso desistir!” No dia 1º de maio de 1994, na sétima volta do GP de Ímola, a Williams saiu da pista a 300 km/h e bateu no muro de concreto. Ali Ayrton Senna do Brasil se transformou num mito eterno! Chorei no cinema revendo a história do Senna, mas como disse o capitão Nathan Algren (Tom Cruise) no filme O Último Samurai / The Last Samurai (2004): “Não me pergunte como ele morreu. Pergunte como ele viveu!” 

Ayrton Senna (1984 - 1994) 
161 Grandes Prêmios disputados;
65 poles positions;
41 vitórias;
3 Campeonatos Mundiais de Fórmula 1 


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