quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Getúlio (2014)



Infelizmente uma grande parte do público brasileiro ainda possui preconceito em relação aos filmes nacionais. Essa imagem deve ter sido construída a partir de títulos de comédias duvidosas repletas de situações clichês e palavrões. Felizmente o filme Getúlio, dirigido por João Jardim, trouxe muita qualidade para o cinema! O longa-metragem conta os últimos dias do governo de Getúlio Vargas em agosto de 1954. O atentado ao jornalista de oposição Carlos Lacerda, que traria turbulência ao governo de Getúlio, foi retratado nos mínimos detalhes. A opinião pública fica perplexa com a versão de que teria sido Getúlio o mentor do atentado e as pressões ao presidente só aumentavam. Lideranças militares e políticos de oposição exigem a renúncia de Getúlio, que fica inconformado ao ser informado que a ordem para o atentado saiu de dentro do Palácio do Catete. O tenente Gregório Fortunato, chefe da guarda pessoal do presidente, foi acusado como mandante e o caos político se instala no governo de Getúlio Vargas.




O cinema nos presenteia com uma aula de história, através de interpretações magníficas e cenários impecáveis. Um filme que materializa o momento histórico do Brasil da época e que ficará eternizado na história do cinema brasileiro pela sua extrema qualidade. O elenco teve o privilégio de filmar no Palácio do Catete, que era a sede do governo federal em 1954. Além disso as atuações de Tony Ramos (Getúlio Vargas), Alexandre Borges (Carlos Lacerda), Thiago Justino (Gregório Fortunato) e Drica Moraes (Alzira Vargas) estão maravilhosas. A caracterização e a maquiagem de Tony Ramos impressionam porque ele ficou muito parecido com o personagem original. Já no início o filme traz uma tela preta e ouvimos a voz do personagem Getúlio Dornelles Vargas assumindo que tinha sido um ditador, mas que não se arrependia. 




Como ditador na era do Estado Novo (1930 a 1945) conquistou a povo mais carente do país com ações populistas e nacionalistas, com o objetivo de manter-se por muitos anos no poder. Criou o salário mínimo, carteira profissional, semana de trabalho de 48 horas, férias remuneradas e ganhou a alcunha de “pai dos pobres”. Após um golpe militar foi deposto do poder em 1945, mas prometeu que voltaria. Foi eleito democraticamente presidente do Brasil através do voto direto na eleição de 1950 pelo PTB (Partido Trabalhista Brasileiro). Getúlio Vargas tinha carisma e foi interessante perceber que muitas pessoas da melhor idade que estavam no cinema e que eram jovens em 1954, ficaram emocionadas quando o personagem surgiu na tela do cinema. 




O filme mostrou que os escândalos de corrupção em seu governo eram cada vez maiores. A oposição de Carlos Lacerda e Afonso Arinos de Melo Franco era implacável. Ambos exigiram publicamente a renúncia do presidente! No longa-metragem ainda vimos que os militares utilizaram o atentado da Rua Tonelero para desestabilizar o governo, induzindo que Gregório Fortunato contratou os pistoleiros para matar Carlos Lacerda em nome de Getúlio Vargas. É impressionante perceber que grande parte dos militares que ameaçaram Vargas, inclusive com deposição e prisão, estava envolvida no Golpe Militar de 1964. No desfecho do filme o diretor exibiu imagens reais do velório de Getúlio Vargas enquanto o personagem, interpretado pelo talentoso Tony Ramos, narrou as últimas palavras escritas pelo presidente em sua Carta Testamento em 24 de agosto de 1954: “Eu vos dei a minha vida. Agora vos ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na História." (Getúlio Vargas)



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