Quando o
filme Um Convidado Bem Trapalhão / The Party (1968) foi lançado eu ainda não tinha
nascido. Meus pais assistiram no cinema e me contaram que a plateia
ria do começo ao fim. Muitos anos depois eu tive a oportunidade de
assistir Um Convidado Bem Trapalhão numa mostra de cinema dos
grandes mestres da comédia. Eu também dei muita risada com essa
comédia simples e inteligente. O produtor do longa-metragem foi
Blake Edwards, responsável pela produção da franquia A Pantera
Cor-de-Rosa no cinema (1963 – 1982). A trilha sonora era de
responsabilidade do maestro Henry Mancini, que criou o tema do filme
A Pantera Cor-de-Rosa em 1963. O ator principal era Peter Sellers, um
ator genial que transitava entre drama e comédia com maestria. Nos
bastidores do cinema comenta-se que os grandes atores de comédia
costumam dar um show de interpretação em dramas. Jim Carrey e Ben
Stiller são provas disso após suas interpretações em O Show de
Truman (1998) e A Vida Secreta de Walter Mitty (2013), onde Ben
Stiller prestou uma homenagem a Peter Sellers quando mostrou a capa
da Revista Life que trazia o rosto do ator na capa.
O
longa-metragem Um Convidado Bem Trapalhão traz a história de um
ator indiano chamado Hrundi V. Bakshi (Peter Sellers). O sonho dele
era participar de filmes de Hollywood, mas ele acabou criando
inúmeros problemas no set de filmagem. Infelizmente ele era muito
atrapalhado e mesmo com uma enorme boa vontade, destruiu um castelo
cenográfico, gerando um prejuízo gigantesco para o estúdio.
Acredite que essa sequência inicial dele no set de filmagem já vale
o ingresso! Obviamente ele foi demitido pelo furioso diretor do
filme, que entrou em contato com o Diretor Executivo do estúdio Fred
Clutterbuck (J. Edward McKinley), para pedir a demissão do ator pelo
prejuízo. Furioso ele anotou o nome de Hrundi V. Bakshi e afirmou
que ele seria demitido imediatamente. Porém um engano mudaria o
destino do personagem principal da história. O nome de Hrundi foi
anotado numa lista de convidados de uma festa da esposa do chefão, a
senhora Alice Clutterbuck (Fay McKenzie). Quando a secretária entrou
e perguntou sobre a lista de convidados, nervoso ele respondeu que
estava em cima da mesa.
Hrundi V.
Bakshi ficou muito feliz quando recebeu o convite para a festa de
gala na casa do Diretor Executivo do estúdio. Os elegantes
convidados trajavam smoking ou belos vestidos longos. Hrundi chegou
todo satisfeito com seu terno claro, meia vermelha e sapatos brancos!
Todos se perguntavam quem era aquele convidado, mas ninguém sabia
responder. Sua curiosidade criou inúmeras situações hilárias. São
tantas situações engraçadas que vou deixar a surpresa para você,
porém destaco a cena em que Hrundi vai até a suíte do casal. A
cena é hilária e eu chorei de tanto rir. Uma curiosidade sobre essa
cena do banheiro é que ela serviu de inspiração para Ben Stiller
no filme Quero Ficar com Polly (2004). Durante a festa Hrundi foi se
aproximando da bela atriz novata Michele Monet (Claudine Longet) e um
romance poético e puro nasceu desse encontro. Outro destaque do
longa-metragem é o ator Steve Franken que interpretou o personagem
Levinson, o garçom que durante a festa vai ficando cada vez mais
bêbado. A performance do ator foi tão competente que seu personagem
é tão lembrado quando o protagonista.
Para
desespero da anfitriã Alice Clutterbuck, sua filha hippie chegou com
um grupo enorme de amigos. Completamente alternativos acabam
quebrando as regras da festa de gala e tudo começa a fugir do
controle. A recepção segue e anfitriões, convidados, banda,
empregados e os penetras se misturavam num caos inimaginável. As
situações eram completamente nonsense e mostravam claramente como
era a atmosfera dos jovens rebeldes do final da década de 60. Em
clima de paz e amor eles trouxeram até um elefante para dentro da
casa. A trilha sonora colabora para a imersão da plateia na cultura
hippie. O filme tinha um roteiro bem solto, mas ficava claro que
havia uma crítica ácida referente aos bastidores de Hollywood.
Dessa forma o longa-metragem nos presenteou com um Peter Sellers
descontraído e que improvisou em quase todas as cenas. Um Convidado
Bem Trapalhão entrou para a história do cinema como um dos melhores
trabalhos de comédia do ator e está classificado entre os cinco
melhores filmes de sua carreira.
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