quarta-feira, 18 de março de 2015

Birdman ou A Inesperada Virtude da Ignorância / Birdman or The Unexpected Virtue of Ignorance (2014)




É impressionante o número de pessoas que assistiram Birdman ou A Inesperada Virtude da Ignorância / Birdman or The Unexpected Virtue of Ignorance (2014) e não gostaram do longa-metragem, dirigido por Alejandro González Iñárritu. A frase que eu mais ouvi foi: “Como pode um filme desses ganhar o OSCAR de melhor filme?” Na verdade Birdman é ácido e irônico. Talvez isso justifique as 7 pessoas na minha sessão de cinema. Para decepção de alguns, o filme é completamente diferente de grandes produções como Ben-Hur, Titanic ou Gladiador. O diretor criticou o mundo do teatro e do cinema, através de personagens que retratam pessoas que atuam na Broadway ou em Hollywood. Além da crítica pesada aos atores e atrizes, Birdman comprou briga com os críticos, quando deixou claro a tendência de alguns profissionais como a personagem Tabitha (Lindsay Duncan) em desqualificar qualquer trabalho de atores ou atrizes que tenham algum dia atuado em filmes blockbusters.



O longa-metragem conta a história do ator Riggan Thomson (Michael Keaton) que teve a carreira marcada pelo personagem Birdman, uma espécie de homem-pássaro. O sucesso foi tão grande que o público confundiu o personagem com o ator. Cansado de ser rotulado como profissional de um único papel, Riggan decidiu abandonar o personagem Birdman após o terceiro filme da franquia. 22 anos após o fim da carreira como super-herói, Riggan percebeu que seus outros personagens se tornavam cada vez menores no cinema. O diretor mexicano não escondeu de ninguém que escolheu o ator Michael Keaton porque a vida dele é muito parecida com a do personagem Riggan Thomson. Keaton atuou como Batman no ano de 1989 e também em 1992 no cinema e após abandonar o personagem sofreu com o declínio da carreira até ressurgir como candidato ao OSCAR de melhor ator em 2015.






Cansado de papéis de pouco destaque no cinema, Riggan migrou para o teatro da Broadway, para ser reconhecido como um ator de talento e versatilidade. As dificuldades eram enormes, desde a concepção do espetáculo até a venda de ingressos. Atores de personalidades completamente diferentes compunham o elenco da peça teatral. Lesley (Naomi Watts) fazia qualquer coisa para não perder a única chance que teve na Broaway, Laura (Andrea Riseborough) teve seu talento questionado por ser a namorada de Riggan e Mike Shiner (Edward Norton) era um ator egoísta e melindroso que improvisava para receber mais destaque que os outros atores. Riggan vivia tenso com tanta pressão e essa sensação ficava clara para os espectadores através dos planos sequência que acompanhavam o personagem e do som de uma incômoda bateria que muitas vezes tocava em descompasso.






Por incrível que possa parecer, o equilíbrio de Riggan vinha dos conselhos e orientações do super-herói Birdman. Talvez a única pessoa capaz de trazer Riggan dessa realidade paralela era sua filha Sam (Emma Stone), que tinha saído a pouco tempo de uma clínica de reabilitação de drogas. Provavelmente a cena antológica do filme Birdman é aquela em que Riggan atravessou a Times Square de cueca, deixando claro para o espectador a tênue distância entre genialidade e loucura. Já na cena final de Riggan, o diretor optou por deixar que cada pessoa crie a sua interpretação, seja ela pragmática ou sonhadora. Talvez as maiores críticas tenham surgido nesse desfecho final do longa-metragem, porque Iñárritu deixou sem resposta a seguinte pergunta: “Seria a ignorância uma virtude humana inesperada e positiva?”


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