É
impressionante o número de pessoas que assistiram Birdman ou A
Inesperada Virtude da Ignorância / Birdman or The Unexpected Virtue of Ignorance (2014) e não gostaram do longa-metragem,
dirigido por Alejandro González Iñárritu. A frase que eu mais ouvi
foi: “Como pode um filme desses ganhar o OSCAR de melhor filme?”
Na verdade Birdman é ácido e irônico. Talvez isso justifique as 7 pessoas na minha sessão de cinema. Para decepção de alguns, o filme é
completamente diferente de grandes produções como Ben-Hur, Titanic
ou Gladiador. O diretor criticou o mundo do teatro e do cinema,
através de personagens que retratam pessoas que atuam na Broadway
ou em Hollywood.
Além da crítica pesada aos atores e atrizes, Birdman comprou briga com os críticos, quando deixou claro a tendência de
alguns profissionais como a personagem Tabitha (Lindsay Duncan) em desqualificar
qualquer trabalho de atores ou atrizes que tenham algum dia atuado
em filmes blockbusters.
O
longa-metragem conta a história do ator Riggan Thomson (Michael
Keaton) que teve a carreira marcada pelo personagem Birdman, uma
espécie de homem-pássaro. O sucesso foi tão grande que o público
confundiu o personagem com o ator. Cansado de ser rotulado como
profissional de um único papel, Riggan decidiu abandonar o
personagem Birdman após o terceiro filme da franquia. 22 anos após
o fim da carreira como super-herói, Riggan percebeu que seus outros
personagens se tornavam cada vez menores no cinema. O diretor
mexicano não escondeu de ninguém que escolheu o ator Michael Keaton
porque a vida dele é muito parecida com a do personagem Riggan Thomson.
Keaton atuou como Batman no ano de 1989 e também em 1992 no cinema e
após abandonar o personagem sofreu com o declínio da carreira até
ressurgir como candidato ao OSCAR de melhor ator em 2015.
Cansado
de papéis de pouco destaque no cinema, Riggan migrou para o teatro
da Broadway, para ser
reconhecido como um ator de talento e versatilidade. As dificuldades eram
enormes, desde a concepção do espetáculo até a venda de
ingressos. Atores de personalidades completamente diferentes
compunham o elenco da peça teatral. Lesley (Naomi Watts) fazia
qualquer coisa para não perder a única chance que teve na Broaway,
Laura (Andrea Riseborough) teve seu talento questionado por ser a
namorada de Riggan e Mike Shiner (Edward Norton) era um ator egoísta
e melindroso que improvisava para receber mais destaque que os outros
atores. Riggan vivia tenso com tanta pressão e essa sensação
ficava clara para os espectadores através dos planos sequência que
acompanhavam o personagem e do som de uma incômoda bateria que
muitas vezes tocava em descompasso.
Por
incrível que possa parecer, o equilíbrio de Riggan vinha dos
conselhos e orientações do super-herói Birdman. Talvez a única
pessoa capaz de trazer Riggan dessa realidade paralela era sua filha
Sam (Emma Stone), que tinha saído a pouco tempo de uma clínica de reabilitação
de drogas. Provavelmente a cena antológica do filme Birdman é
aquela em que Riggan atravessou a Times Square de cueca,
deixando claro para o espectador a tênue distância entre genialidade e loucura. Já na cena final de Riggan, o diretor
optou por deixar que cada pessoa crie a sua interpretação, seja ela
pragmática ou sonhadora. Talvez as maiores críticas tenham surgido
nesse desfecho final do longa-metragem, porque Iñárritu deixou sem
resposta a seguinte pergunta: “Seria a ignorância uma virtude
humana inesperada e positiva?”
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