Cazuza
foi um jovem rebelde muito criticado pela sociedade conservadora, mas
que faz muita falta, porque era um porta-voz da juventude. É
impressionante como os críticos ignoram seu talento profissional e
só destacam os pontos polêmicos de sua vida pessoal. Cazuza era
boêmio, usava drogas, bebia demais e era bissexual, mas o que sempre
me interessou foram suas poesias em forma de música. A intensidade
da carreira de cazuza impressiona porque só durou 9 anos. Tornei-me
fã da banda Barão Vermelho em 1983 ao ouvir Pro Dia Nascer Feliz.
As músicas da dupla Frejat e Cazuza conquistaram todo o Brasil.
Sucessos como Carente Profissional (1983), Maior Abandonado (1984) tornaram-se eternos. Como fã confesso que fiquei muito irritado
quando foi anunciada a saída de Cazuza da banda, mas hoje reconheço
que tanto o Barão Vermelho quanto Cazuza, melhoraram artisticamente
após a separação.
Para o
produtor Daniel Filho, o longa-metragem dirigido por Sandra Werneck e
Walter Carvalho, foi verdadeiro como Cazuza. Assisti ao filme numa
sala de cinema lotada e foi emocionante presenciar a plateia cantando
todas as músicas em coro. A sensibilidade poética de Cazuza
emociona, ao mesmo tempo que seus exageros assustam. Ele era uma
pessoa do mundo, que vivia sempre rodeado de amigos, drogas e música.
Em casa não tinha diálogo com o pai e era mimado pela mãe. O
cachorro Vanderlei era seu xodó. Apaixonado pelo mar e pela
liberdade, Cazuza não aceitava a ideia de passar horas trancado num
escritório resolvendo problemas. O ator Daniel de Oliveira
impressionou o público porque trouxe a energia de Cazuza para o
personagem e emocionou fãs e familiares do cantor. Entre os amigos
leais que aparecem no filme, destaco a presença de Bebel Gilberto
(Leandra Leal) e Ezequiel Neves – Zeca (Emílio de Mello).
Quando
Léo Jaime indicou Cazuza para vocalista do Barão Vermelho, não
imaginava que a banda entraria para história da música brasileira.
O jovem performático, que atuava como ator nos espetáculos do Circo
Voador, trouxe seu carisma para a banda. O letrista Frejat ganhava um
parceiro eterno! As músicas do Barão Vermelho registravam os
desejos e as inquietações da juventude daquela época. O Brasil era
governado por um regime militar desde 1964, não havia eleição
direta e a censura federal era rígida. O rock brasileiro nasceu da
necessidade de liberdade de expressão e Cazuza foi um dos principais
representantes do movimento. Exatamente por isso é que a cena do Rock in Rio (1985) é fundamental para o longa-metragem. O
Barão Vermelho se apresentou cinco dias após a eleição de
Tancredo Neves como o 1º Presidente Civil após 20 anos. Para
comemorar o fim da ditadura e o início da redemocratização, Cazuza
vestiu-se com a bandeira do Brasil.
Em julho
de 1985, Cazuza desejava experimentar outros gêneros musicais. Foi
quando deixou o Barão Vermelho para iniciar uma carreira solo. É
muito tensa a cena em que ele avisa seus companheiros sobre a sua
decisão. Sozinho Cazuza produziu ainda mais e lançou sucessos como
Exagerado (1985) e Codinome Beija-Flor (1985). Ainda em 1985, começou
a manifestar os sintomas da AIDS e a cena do longa-metragem que
mostra o momento em que ele descobriu estar doente é impactante. A
câmera agitada segue um Cazuza transtornado, que corre chorando para
o mar. Nessa fase lançou O Nosso Amor a Gente Inventa (1987),
Ideologia (1988), Brasil (1988), Faz Parte do Meu Show (1988), Vida Louca Vida (1988) e Burguesia (1989). Numa das cenas mais emocionantes, seu pai
disse que Cazuza precisava se cuidar e que tinha medo de perdê-lo.
Cazuza – O Tempo Não Para é uma obra que conta a história do
poeta maldito, que morreu em 07 de julho de 1990 aos 32 anos.
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