quarta-feira, 22 de julho de 2015

Cazuza - O Tempo Não Para (2004)



Cazuza foi um jovem rebelde muito criticado pela sociedade conservadora, mas que faz muita falta, porque era um porta-voz da juventude. É impressionante como os críticos ignoram seu talento profissional e só destacam os pontos polêmicos de sua vida pessoal. Cazuza era boêmio, usava drogas, bebia demais e era bissexual, mas o que sempre me interessou foram suas poesias em forma de música. A intensidade da carreira de cazuza impressiona porque só durou 9 anos. Tornei-me fã da banda Barão Vermelho em 1983 ao ouvir Pro Dia Nascer Feliz. As músicas da dupla Frejat e Cazuza conquistaram todo o Brasil. Sucessos como Carente Profissional (1983), Maior Abandonado (1984) tornaram-se eternos. Como fã confesso que fiquei muito irritado quando foi anunciada a saída de Cazuza da banda, mas hoje reconheço que tanto o Barão Vermelho quanto Cazuza, melhoraram artisticamente após a separação.




Para o produtor Daniel Filho, o longa-metragem dirigido por Sandra Werneck e Walter Carvalho, foi verdadeiro como Cazuza. Assisti ao filme numa sala de cinema lotada e foi emocionante presenciar a plateia cantando todas as músicas em coro. A sensibilidade poética de Cazuza emociona, ao mesmo tempo que seus exageros assustam. Ele era uma pessoa do mundo, que vivia sempre rodeado de amigos, drogas e música. Em casa não tinha diálogo com o pai e era mimado pela mãe. O cachorro Vanderlei era seu xodó. Apaixonado pelo mar e pela liberdade, Cazuza não aceitava a ideia de passar horas trancado num escritório resolvendo problemas. O ator Daniel de Oliveira impressionou o público porque trouxe a energia de Cazuza para o personagem e emocionou fãs e familiares do cantor. Entre os amigos leais que aparecem no filme, destaco a presença de Bebel Gilberto (Leandra Leal) e Ezequiel Neves – Zeca (Emílio de Mello).




Quando Léo Jaime indicou Cazuza para vocalista do Barão Vermelho, não imaginava que a banda entraria para história da música brasileira. O jovem performático, que atuava como ator nos espetáculos do Circo Voador, trouxe seu carisma para a banda. O letrista Frejat ganhava um parceiro eterno! As músicas do Barão Vermelho registravam os desejos e as inquietações da juventude daquela época. O Brasil era governado por um regime militar desde 1964, não havia eleição direta e a censura federal era rígida. O rock brasileiro nasceu da necessidade de liberdade de expressão e Cazuza foi um dos principais representantes do movimento. Exatamente por isso é que a cena do Rock in Rio (1985) é fundamental para o longa-metragem. O Barão Vermelho se apresentou cinco dias após a eleição de Tancredo Neves como o 1º Presidente Civil após 20 anos. Para comemorar o fim da ditadura e o início da redemocratização, Cazuza vestiu-se com a bandeira do Brasil.




Em julho de 1985, Cazuza desejava experimentar outros gêneros musicais. Foi quando deixou o Barão Vermelho para iniciar uma carreira solo. É muito tensa a cena em que ele avisa seus companheiros sobre a sua decisão. Sozinho Cazuza produziu ainda mais e lançou sucessos como Exagerado (1985) e Codinome Beija-Flor (1985). Ainda em 1985, começou a manifestar os sintomas da AIDS e a cena do longa-metragem que mostra o momento em que ele descobriu estar doente é impactante. A câmera agitada segue um Cazuza transtornado, que corre chorando para o mar. Nessa fase lançou O Nosso Amor a Gente Inventa (1987), Ideologia (1988), Brasil (1988), Faz Parte do Meu Show (1988), Vida Louca Vida (1988) e Burguesia (1989). Numa das cenas mais emocionantes, seu pai disse que Cazuza precisava se cuidar e que tinha medo de perdê-lo. Cazuza – O Tempo Não Para é uma obra que conta a história do poeta maldito, que morreu em 07 de julho de 1990 aos 32 anos.


Blog Minha Vida no Cinema
www.minhavida-nocinema.blogspot.com.br
www.facebook.com/minhavidanocinema
minhavidanocinema@gmail.com




Nenhum comentário: